Blog do Vamp

O Vampiro de Curitiba




___"Estado, chamo eu, o lugar onde todos, bons ou malvados, são bebedores de veneno; Estado, o lugar onde todos, bons ou malvados, perdem-se a si mesmos; Estado, o lugar onde o lento suicídio de todos chama-se... "vida"!" (F. Nietzsche)

Festival de Teatro de Curitiba: "Medéia ou O Resgate do Trágico ou As Mais fortes ou Um orgasmo virtual! "

A querida atriz Lilian de Faria, leitora deste bloguinho, estará com a sua Boca de Cena no Festival de Teatro de Curitiba, agora, no começo de Abril. Vejam horários e local no final do post. Eu vou! 







Mais informações também no blog da Lilian, o Estudio 11, link aí ao lado direito.

Não percam! Nos encontramos lá!


O Vampiro de Curitiba

Obama No Brasil

Óbvio que eu não poderia deixar de comentar sobre a visita do presidente Obama ao Brasil. O problema é que demorei para o fazer e, depois de já ter escrito um texto sobre o assunto, li um artigo do Guilherme Fiuza para o jornal O Globo. Resumindo a história: o artigo do Guilherme Fiuza é extremamente semelhante ao que eu acabara de escrever! Fazer o quê? Bem, acho que meu texto iria parecer plágio do citado artigo. Paciência! Como o Guilherme Fiuza saiu na frente, fiquem com o artigo dele:


                       "O negro, a mulher e o circo". (Guilherme Fiuza, para o jornal O Globo)


Os intelectuais de esquerda estão confusos. Com a visita do presidente dos Estados Unidos ao Brasil, está difícil escolher o tema do manifesto contra alguma coisa. Obama é negro e yankee. E agora? Com Bush a vida era muito mais fácil. Bastava copiar um dos panfletos do cineasta Michael Moore, maldizer o poder dos brancos, corpulentos e egoístas, e sair para o abraço no Teatro Casa Grande. Mas esse imperialista negro e magro é uma dor de cabeça para os indignados. O dicionário dos progressistas entrou em curto. Isso só pode ser coisa da CIA.

O governo do PT estava tranquilo até outro dia, fazendo carinho em Kadafi para libertar o mundo das garras yankees. Aí veio a realidade - essa entidade alienada - atrapalhar o conto de fadas revolucionário. No mesmo momento em que exaltar o ditador líbio se tornou uma coisa, por assim dizer, meio cafona, o presidente americano resolve baixar no Brasil. Para bagunçar ainda mais os estereótipos, Obama tem origem árabe - o que na cartilha da esquerda é sinônimo de bonzinho. Que palavra de ordem gritar para um monstro do bem?


A militância petista decidiu, por via das dúvidas, vaiá-lo. Afinal, acima das atenuantes politicamente corretas, o homem é o chefe da Casa Branca. Não dá para ser condescendente com um inimigo do companheiro Fidel. Mas essa decisão provocou um racha no partido. O governo popular já tinha decidido que, em lugar do velho rosnado terceiro-mundista, seria melhor seguir a linha da apoteose do oprimido: o encontro triunfal da primeira presidente mulher com o primeiro presidente negro.


Aí as vaias de partidários de Dilma a Obama iam estragar o enredo. Mas as bases do PT no Rio de Janeiro sustentaram que não dava para ver um presidente americano passar sem protestar. A direção do partido então resolveu a parada. Deixou de lado a conversa de liberdade para as minorias e, enchendo o companheiro Fidel de orgulho, baixou a censura de opinião para todos os filiados. Mais democrático do que isso, só se mandasse os dissidentes passarem o fim de semana em Teerã, para um workshop com o camarada Ahmadinejad sobre radioatividade.


Tudo pela tolerância - desde que com as coisas certas. Recentemente, um grupo de negros protestou nas ruas do Rio contra um bloco carnavalesco que homenageava Monteiro Lobato. Isso é tolerável. As "Caçadas de Pedrinho" não estão protegidas por lei, podem ser avacalhadas à vontade. Mas se alguém reagir a quem as está avacalhando pode ir preso. Reduzir um clássico da literatura a uma pinimba ideológica não é crime. Segundo os valores do Brasil de hoje, o que cada um faz ou pensa pode não ser tão importante quanto a cor da sua pele. Cuidado com quem você vaia.


O presidente da nação mais poderosa do mundo é, antes de tudo, um negro - pelo menos segundo a moderna ditadura dos estereótipos progressistas. E o grande projeto do novo governo brasileiro é ser chefiado por uma "presidenta", ordenhando essa panaceia sexista até a última gota. Ninguém sabe direito o que faz ou pensa Dilma Rousseff, mas na era do slogan o que importa é a excitação do imaginário. Talvez por isso, um governo prestes a completar três meses de vida sem um único projeto relevante gaste os tubos com proselitismo feminista.


No Dia Internacional da Mulher - a data mais machista do calendário mundial -, o governo federal veiculou na TV uma propaganda diferente. Mostrava uma menina mulata em variadas situações de brincadeiras infantis. E uma locutora dizendo que, no Brasil de hoje - o da "presidenta", bem entendido -, ela poderá ser o que quiser quando crescer. Espera-se que possa mesmo. De preferência, tendo ideias próprias, e não carregada na carona de algum padrinho populista.


Duas mulheres foram escaladas para receber Obama, o negro, em sua chegada a Brasília. As duas diplomatas infelizmente não são negras, mas o respeitável público há de perdoar essa gafe. Se elas declararem que não gostam de Monteiro Lobato, fica tudo certo. Como se vê, a cota de criatividade das "ações afirmativas" na recepção brasileira ao presidente americano não tem limites. Mulheres e negros jamais serão os mesmos depois de todo esse folclore politicamente correto. Espera-se que não gastem todas essas esmolas morais em cachaça. Melhor psicanálise.


No aquecimento para o grande circo das minorias, Dilma recebeu a cantora Shakira. Fez pose com o violão que ganhou da colombiana para combater a pobreza. O feminismo não poderia prescindir dessa imagem. Mas se o negócio é vender símbolos, está faltando uma foto com a Bruna Surfistinha. Ela não é militante, nem engajada, mas pelo menos é sincera.


E não ganha a vida com slogans.

(Texto de Guilherme Fiuza, para o jornal O Globo)


O Vampiro de Curitiba

Carnaval com "Tidal"

Mais um Carnaval que termina. Chega de tanto samba, pelamordedeus! Como por aqui é sempre a mesma história, nada muda, reproduzo o que escrevi sobre o Carnaval do ano passado. Apenas troquem a Paris Hilton por outra celebridade qualquer e o Philip Roth pelo Lobão, que fica tudo certo. No final, depois do texto, uma surpresa que acho que vocês vão gostar.


Nós, Os Alegres


Ufa! Finalmente acabou o Carnaval! Finalmente acabou o ziriguidum!

Como poucas coisas me aborrecem mais do que ver homens mijando na rua ou bêbados gritando bobagens sem sentido algum em ritmo de samba, esses dias de Carnaval me pareceram eternos. Não que Curitiba seja exatamente uma cidade muito, digamos, carnavalesca. Pelo contrário. Definitivamente o samba não é nossa praia. Temos alguns desfiles aqui, alguns blocos ali e... mais nada. Graças aos céus! Aliás, tenho a impressão de que só não acabamos de uma vez por todas com essa folia porque, afinal de contas, somos brasileiros. Não pegaria nada bem sermos a única cidade do Brasil sem Carnaval. Pular no meio de pessoas suadas e embriagadas virou uma obrigação. Sim, é politicamente-incorreto não gostar de Carnaval.

Eu? Passei esses dias trancado em casa, lendo, sem ligar a televisão, sem ligar o computador, sem ver os jornais. Minha maior aventura foi ir até a padaria da esquina comprar pão e leite desnatado. Eu bem que procuro entender tanta alegria (a Paris Hilton, assistindo os desfiles na Marquês de Sapucaí, disse que somos um povo "muito alegre"), tanta emoção, tanta vibração. Imagino que haja um certo tipo de comunhão dionisíaca entre aquelas pessoas. Mas, vendo os mijões alegres da Paris Hilton, prefiri mesmo entrar em comunhão com os judeus tristes do Philip Roth, no seu brilhante "American Pastoral". (Há quem diga que este ano ninguém tira o Nobel de Literatura de Philip Roth. Se essa previsão se confirmar, aplaudirei entusiasticamente).

Assim como parece que Curitiba tem a obrigação moral de ter Carnaval, nós, brasileiros, temos a obrigação de sermos alegres. É essa a imagem que o mundo tem de nós. Temos de estar sempre pulando, sempre gritando, sempre rebolando. É isso que nos diferencia do resto do mundo. Somos uma ilha exótica, governados por um presidente exótico, com mulheres bundudas rebolando sem parar ao ritmo de uma música exótica.

Miséria? Cachaça! Corrupção? Cerveja! Analfabetismo? Prozac! Afinal, não podemos decepcionar Paris Hilton. Eu? Já volto, vou ali na padaria comprar pão e leite desnatado.

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Depois de tanto samba, nada melhor do que Rock da melhor qualidade! Fiquem com o baixista do Led Zeppelin -a melhor banda de todos os tempos- o mestre John Paul Jones. Sou fã desse cara desde meus 13, 14 anos de idade:





O Vampiro de Curitiba

Ideologia X Arte


Não sei se vocês, leitores, estão acompanhando estes primeiros momentos do Governo do PT com Dilma Roussef na presidência do Executivo. Acontece exatamente aquilo que qualquer pessoa minimamente esclarecida já esperava: Dilma vem traindo todos aqueles idiotas "progressistas" que caíram na lábia petista.

Na campanha eleitoral vale tudo, desde culpar a "mídia golpista" pelos escândalos de corrupção até mentir descaradamente sobre a situação econômica do país. Já no Governo, passada a eleição, a verdade se impõe inexoravelmente. O problema é que os otários "progressistas" continuam acreditando nas mentiras pré-eleitorais. A raiva, o ódio, destilados irresponsavelmente pelo PT com o objetivo de dividir a sociedade, já estão entranhados na militância.

Exemplo disso foi a demissão do jurássico chavista Emir Sader antes mesmo de sua posse na Casa de Rui Barbosa. Sader, petista desde sempre, foi um dos mais ferozes críticos do PSDB e de José Serra. A militância esperava que ele assumisse o Ministério da Cultura. Mas como colocar um semi-analfabeto como Sader em algum cargo relevante? Sobrou para ele um carguinho no terceiro escalão, justamente na Casa de Rui Barbosa. Resolveu, então, expressar toda sua cultura em entrevistas à "mídia golpista". Perdeu também o terceiro escalão. Agora talvez seja o carregador de malas oficial de Lula no seu futuro Instituto...  

A estupidez esquerdista que cega a todo aquele que faz questão de não enxergar a realidade para não ter de admitir que foi usado por políticos corruptos como massa de manobra não é um privilégio dos brasileiros. Na Argentina a presidente Cristina Kirchner também teve de rebolar para convencer seus militontos a não serem assim, digamos, tão esquerdistas. Leiam abaixo a reportagem da Folha.com e vejam o absurdo a que chegamos: é a ideologia, mais uma vez, contra a Arte. 

 Cristina Kirchner intervém contra veto a Vargas Llosa

LUCAS FERRAZ


DE BUENOS AIRES

A tentativa de vetar a participação do escritor Mario Vargas Llosa na abertura da Feira Internacional do Livro de Buenos Aires por divergências políticas e ideológicas abriu uma polêmica na Argentina só amenizada após intervenção da presidente Cristina Kirchner.

Um grupo de escritores e intelectuais simpáticos ao governo pediu formalmente que o Nobel de literatura fosse barrado da inauguração do evento, em abril, por "não ser adepto da corrente de ideias que abriga a sociedade argentina".

Vargas Llosa é crítico do peronismo e, em entrevistas, fez duras declarações contra os Kirchner, afirmando que o governo de Cristina é "um desastre total".
 O presidente da Biblioteca Nacional argentina, Horacio González, escreveu à Fundação do Livro, organizadora da feira, pedindo veto ao escritor peruano.
 González, na carta, diz que Vargas Llosa é um "autoritário messiânico", cuja presença na abertura da feira era "inoportuna".


O comunicado recebeu o apoio do Carta Aberta, um grupo de intelectuais argentinos que considera política a escolha do escritor --o país terá eleições em outubro.

Em entrevista ao diário espanhol "El País", ontem, Mario Vargas Llosa considerou "lamentável" a polêmica e disse que estará na abertura do evento, no próximo mês.

"A única vez que me ocorreu isso foi durante a ditadura militar, quando um general proibiu meus livros", disse o escritor sobre a censura sofrida na Argentina nos anos 1970.

FREIO
 Quem freou a polêmica foi a presidente Cristina Kirchner, que ligou para o presidente da Biblioteca Nacional, pedindo retratação.

Ele acatou. Escreveu nova carta dizendo-se favorável à "livre expressão das ideais políticas" e "comprometido com toda discussão que sirva para dar mais qualidade à vida democrática".


Indagado se seu gesto não era autoritário, González negou e disse à Folha que a discussão é "ampla".

"Trata-se de um debate político-cultural que estamos desenvolvendo na Argentina, principalmente sobre o papel do intelectual na sociedade contemporânea", diz.

Apesar de ressaltar que aprecia a literatura de Llosa, o presidente da Biblioteca Nacional fez questão de reafirmar que a escolha de seu nome foi "meramente política". "Preferíamos na abertura um escritor argentino", concorda Alejandro Vaccaro, presidente da Sociedade Argentina de Escritores.

"Vargas Llosa é um político fracassado [ele concorreu à Presidência no Peru nos anos 1990] e tem ideais equivocados sobre a América Latina e a Argentina".

Vários escritores condenaram a tentativa de vetar a presença do peruano no evento.

Gustavo Canevaro, presidente da Fundação do Livro e organizador da feira, afirmou àFolha que a presença de Llosa está mantida.

"Essas polêmicas são normais na Argentina", disse.

"Claro que há sempre um componente político, mas não estamos interessados nisso. É mais rico o debate cultural e o prestígio de ter na abertura um prêmio Nobel".

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Comprei o livro do Lobão "50 Anos A Mil". É de uma leitura fácil, agradável e nos conta não apenas sobre a vida do roqueiro, mas a história de uma geração. Vale muito a pena, recomendo.

Confesso que não curto muito show acústico, acho que o negócio mesmo tem de ser plugado, mas a MTV vem fazendo shows acústicos maravilhosos. Fiquem com Lobão:








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