Blog do Vamp

O Vampiro de Curitiba




___"Estado, chamo eu, o lugar onde todos, bons ou malvados, são bebedores de veneno; Estado, o lugar onde todos, bons ou malvados, perdem-se a si mesmos; Estado, o lugar onde o lento suicídio de todos chama-se... "vida"!" (F. Nietzsche)

Amy-a ou Deixe-a: João Pereira Coutinho X Reinaldo Azevedo





A morte da cantora Amy Winehouse, provavelmente por consumo de entorpecentes, trouxe um excelente debate. Não apenas sobre o uso de drogas, mas, principalmente, sobre valores e liberdades. João Pereira Coutinho (link aí ao lado) deu sua opinião em sua coluna da Folha. Reinaldo Azevedo (link também ao lado) contraditou em seu blog. Leiam os textos de ambos, depois eu volto para dar a minha não opinião sobre o assunto. 


João Pereira Coutinho - Sermão ao cadáver


LONDRES - Morreu Amy Winehouse e os moralistas de serviço já começaram a aparecer. Como abutres que são.

Não há artigo, reportagem ou mero obituário que não fale de Winehouse com condescendência e piedade. Alguns, com tom professoral, falam dos riscos do álcool e da droga e dão o salto lógico, ou ilógico, para certas políticas públicas.

 Amy Winehouse é, consoante o gosto, um argumento a favor da criminalização das drogas; ou, então, um argumento a favor de uma legalização controlada, com o drogado a ser visto como doente e encaminhado para a clínica respetiva.

 O sermão é hipócrita e, além disso, abusivo.

 
Começa por ser hipócrita porque este tom de lamentação e responsabilidade não existia quando Amy Winehouse estava viva e, digamos, ativa.

 
Pelo contrário: quanto mais decadente, melhor; quanto mais drogada, melhor; quanto mais alcoolizada, melhor. Não havia jornal ou televisão que, confrontado com as imagens conhecidas de Winehouse em versão zoombie, não derramasse admiração pela 'rebeldia' de Amy, disposta a viver até o limite.

 
Amy não era, como se lê agora, uma pobre alma afogada em drogas e bebida. Era alguém que criava as suas próprias regras, mostrando o dedo, ou coisa pior, para as decadentes instituições burguesas que a tentavam "civilizar".

 
E quando o pai da cantora veio a público implorar para que parassem de comprar os seus discos --raciocínio do homem: era o excesso de dinheiro que alimentava o excesso de vícios-- toda a gente riu e o circo seguiu em frente. Os moralistas de hoje são os mesmos que riram do moralista de ontem.

 
Mas o tom é abusivo porque questiono, sinceramente, se deve a sociedade impor limites à autodestruição de um ser humano. A pergunta é velha e John Stuart Mill, um dos grandes filósofos liberais do século 19, respondeu a ela de forma inultrapassável: se não há dano para terceiros, o indivíduo deve ser soberano nas suas ações e na consequência das suas ações.

 
Bem dito. Mas não é preciso perder tempo com filosofias. Melhor ler as letras das canções de Amy Winehouse, onde está todo um programa: uma autodestruição consciente, que não tolera paternalismos de qualquer espécie.

 
O tema "Rehab", aliás, pode ser musicalmente nulo (opinião pessoal) mas é de uma honestidade libertária que chega a ser tocante: reabilitação para o vício? Não, não e não, diz ela. Três vezes não.

 
Respeito a atitude. E, relembrando um velho livro de Theodore Dalrymple sobre a natureza da adição ("Junk Medicine: Doctors, Lies and the Addiction Bureaucracy"), começa a ser hora de olhar para o consumidor de drogas como um agente autônomo, que optou autonomamente pelo seu vício particular --e, em muitos casos, pela sua destruição particular.

 
As drogas não se "apanham", como se apanha uma gripe; não se "pegam", como se pega um doença venérea; e não são o resultado de uma mutação maligna das células, como uma doença oncológica. As drogas não "acontecem"; escolhem-se.

 
O drogado pode ficar doente; mas ele não é um doente - é um agente moral.

 
Mais: como explica Dalrymple, que durante décadas foi psiquiatra do sistema prisional britânico, o uso de drogas implica um voluntarismo e uma disciplina que são a própria definição de autonomia pessoal. E, muitas vezes, o uso de drogas é o pretexto para que vidas sem rumo possam encontrar um. Por mais autodestrutivo que ele seja.

 
Moralizar o cadáver de Amy Winehouse? Não contem comigo, abutres.


                                            ............................................

Reinaldo Azevedo em seu blog:


Amy Winehouse, João Pereira Coutinho, os abutres e por que Adele deve continuar a comer batatas


Estou de volta. Vamos lá. Discordar de quem habitualmente costumo discordar é exercício um tanto enjoativo. Penso, por exemplo, em Renato Janine Ribeiro, e começa a me dar aquela preguiça… Melhor discordar de alguém com quem, habitualmente, concordo. É o caso de João Pereira Coutinho, que escreve hoje na Folha Online sobre Amy Winehouse — de quem nunca falei no blog porque, de fato, ela não me dizia e não me diz nada. Prefiro Adele, que leva jeito de exagerar nas batatas. A grande arte extrai o incomum da vida comum. O artista marginal é uma invenção cretina do século 19.

 
Coutinho pôs seu talento para NÃO DISCUTIR um tema, desqualificando os que decidiram fazê-lo. Assim, escreveu o que parece ser um não-texto sobre um não-assunto. Vamos ver. Diz ele:


“Morreu Amy Winehouse e os moralistas de serviço já começaram a aparecer. Como abutres que são.”


Parece que abutres são todos os moralistas, não apenas os que buscam “moralizar” a morte da cantora. Sem usar umas duas ou três linhas a mais par especificar de que moralismo está falando, parece descartar por inútil boa parte da filosofia, que se ocupa justamente da moral. “Ele fala de ‘moralismo’, não distorça”. É? Não tenho eu de preencher o conteúdo que ele decidiu deixar em branco. O texto nos autoriza a jogar no lixo tanto o motorista de táxi inconformado com o “tóchico” como Santo Agostinho.

 
Coutinho não gosta do que anda lendo a respeito de Amy:


“Não há artigo, reportagem ou mero obituário que não fale de Winehouse com condescendência e piedade. Alguns, com tom professoral, falam dos riscos do álcool e da droga e dão o salto lógico, ou ilógico, para certas políticas públicas.”


Eu considero uma proteção civilizadora falar de quem morre com “condescendência e piedade”. Abutres destroem a carcaça e garantem a sua própria vida alimentando-se da coisa morta. A cultura da droga, esta sim, alimentou-se de Amy, referendando a mitologia estúpida de que aquilo que a destruía era a sua fonte de criação e de fruição. A cantora fez do mundo um palco e se esfarelou em praça pública.

 
Coutinho é dos melhores articulistas da imprensa brasileira, um dos mais cultivados, e sabe que toda vida é expressão de um conjunto de valores morais, queira o vivente ou não. Com mais propriedade o são as personalidades públicas, cujo trabalho depende dessa publicidade. Sua vida tem, queira ou não, um sentido exemplar. Voltemos à mimese aristotélica: é preciso representar dramas críveis para que se possa extrair um sentido — com o perdão da palavra — MORAL do que está sendo encenado. Assim, que se busque, a partir de Amy, extrair uma espécie de moral da história, de sentença, é mais do explicável; é, na verdade, necessário; está dentro das regras do jogo.

 
Pergunto-me até onde — na verdade, afirmo-o — Coutinho não se quedou vítima do mal que denuncia. Segundo entendi, ele ficou irritado com o tom catequista e catequizador dos que decidiram falar sobre a morte de Amy, ignorando o fato em si para se fixar no que seria uma pauta, uma agenda. Não faz o autor a mesma coisa? Também ele não está forçando a mão para defender uma tese? Também ele não usa Amy para expressar um ponto de vista sobre o vício e sobre a legalização das drogas?

 
Deslegitimar um ponto de vista contrário, sem debatê-lo, como expressão de uma visão meramente reacionária ou atrasada de mundo, meu caro Coutinho, é prática corriqueira dos esquerdistas que vivem a atacá-lo e a me atacar com boçalidades — como se, de resto, pensássemos a mesma coisa; é que acham que pensamentos a mesma coisa só porque divergimos deles…

Segue Coutinho:


Amy Winehouse é, consoante o gosto, um argumento a favor da criminalização das drogas; ou, então, um argumento a favor de uma legalização controlada, com o drogado a ser visto como doente e encaminhado para a clínica respetiva. O sermão é hipócrita e, além disso, abusivo.


Por quê? O autor reclamou do salto “lógico, ou ilógico” dos que usam Amy como exemplo para debater certas políticas públicas. Muito bem! O que vai nessas linhas acima? Não está dado aí o salto “lógico, ou ilógico”. Aqui é preciso um pouco de cuidado. Eu, por exemplo, acho que, dado o desfecho trágico, é “lógico” que se defenda a criminalização das drogas — meu argumento principal, no entanto, como sabem todos, nunca esteve relacionado ao destino de pessoas tomadas individualmente; isso é incontrolável —, mas não vejo lógica na eventual defesa da legalização controlada. Adiante.

 
Sim, concordo em parte com Coutinho:


Começa por ser hipócrita porque este tom de lamentação e responsabilidade não existia quando Amy Winehouse estava viva e, digamos, ativa. Pelo contrário: quanto mais decadente, melhor; quanto mais drogada, melhor; quanto mais alcoolizada, melhor. Não havia jornal ou televisão que, confrontado com as imagens conhecidas de Winehouse em versão zoombie, não derramasse admiração pela ‘rebeldia’ de Amy, disposta a viver até o limite.


Sempre lastimei cá comigo — nunca escrevi a respeito porque, francamente, essa moça nunca tomou mais de cinco minutos do meu tempo — essa glorificação do pé-na-jaca. Sentia pena de Amy não porque me visse compelido a salvá-la ou porque me julgasse dotado de uma visão superior que ela ainda não havia alcançado, mas porque, se somos todos cadáveres adiados, ela era um dos casos de cadáver apressado. Mas que, atenção — e é esta dimensão que Coutinho ignora em seu texto — PRODUZIA VALORES. Era e é escandalosamente visível que seus fãs admiravam e admiram menos as eventuais qualidades estéticas de seu trabalho do que sua “entrega”. O que fazia de Baudelaire um Baudelaire? Eu ainda acho que era a sua habilidade em fazer versos.

 
Amy não era, como se lê agora, uma pobre alma afogada em drogas e bebida. Era alguém que criava as suas próprias regras, mostrando o dedo, ou coisa pior, para as decadentes instituições burguesas que a tentavam “civilizar”.


Não fica claro se Coutinho é irônico ao se referir às “decadentes instituições burguesas”. É possível que sim. Eu estou entre aqueles que acreditam que Amy fez as suas escolhas. E ponto! Mas o autor me parece errado ao afirmar que a cantora criava as suas próprias regras. Amy era um estúpido, aborrecido e, como todos, previsível clichê. São menos perversos — e ilógicos — ou “moralistas” os que usam sua morte como um alerta do que os cretinos que a consideram uma espécie de coroamento da obra.

 
A exemplo de Amy, Coutinho faz as suas escolhas, e eu também. Todo artista é, reitero, em certa medida, exemplar, a menos que produza apenas para si mesmo, e artista não é porque falta o “outro” que lhe confere sentido. Dado isso, a censura ao comportamento de Amy é muito mais civilizadora do que a apologia. Esta, sim, marca um compromisso com a morte. Nenhum estado é autoritário o bastante a ponto de proibir o suicídio, mas eu estou entre aqueles que têm um compromisso moral com a vida, sem a qual todo o resto é inútil.

 
E quando o pai da cantora veio a público implorar para que parassem de comprar os seus discos –raciocínio do homem: era o excesso de dinheiro que alimentava o excesso de vícios– toda a gente riu e o circo seguiu em frente. Os moralistas de hoje são os mesmos que riram do moralista de ontem.


Bem, acho que não. O raciocínio do pai de Amy não era moralista, mas apenas desesperado. A palavra é descabida. Há uma boa possibilidade de haver os “moralistas” de hoje que não riram ontem.

 
Mas o tom é abusivo porque questiono, sinceramente, se deve a sociedade impor limites à autodestruição de um ser humano. A pergunta é velha e John Stuart Mill, um dos grandes filósofos liberais do século 19, respondeu a ela de forma inultrapassável: se não há dano para terceiros, o indivíduo deve ser soberano nas suas ações e na consequência das suas ações.


Eis aí. Coutinho decidiu usar o caso de Amy para, digamos assim, testar a fortaleza de seu liberalismo. Os chamados “liberais-liberais” (à diferença deste “liberal-conservador”) fizeram certa aliança tática com as novas esquerdas na defesa da descriminação das drogas — e esse é o tema subjacente; Amy é só o cadáver do dia — porque, afinal, todos têm o direito ao suicídio. A última aparição pública de Amy, visivelmente transtornada, foi no show de uma garota de 15 anos — na fila dos cadáveres apressados, segundo entendi —, fazendo praça de seu estilo de vida. Dano a terceiros? Acho que sim, Coutinho!

 
A reprimenda aos que fazem a apologia da morte e da autodestruição — especialmente quando, em razão de sua atividade, podem influenciar o comportamento de outras pessoas, de jovens em particular — é a outra face da liberdade de expressão, Coutinho.

 
Bem dito. Mas não é preciso perder tempo com filosofias. Melhor ler as letras das canções de Amy Winehouse, onde está todo um programa: uma autodestruição consciente, que não tolera paternalismos de qualquer espécie. O tema “Rehab”, aliás, pode ser musicalmente nulo (opinião pessoal) mas é de uma honestidade libertária que chega a ser tocante: reabilitação para o vício? Não, não e não, diz ela. Três vezes não.


Nada haveria a acrescentar ao texto não fosse Amy parte da indústria de entretenimento e não vendesse valores. “Honestidade libertária”? Honestidade, talvez: “Sou drogada mesmo, e daí?” Mas “libertária”? A liberdade que nasce de um vício é uma revolução conceitual que requer desdobramentos.

Respeito a atitude. E, relembrando um velho livro de Theodore Dalrymple sobre a natureza da adição (”Junk Medicine: Doctors, Lies and the Addiction Bureaucracy”), começa a ser hora de olhar para o consumidor de drogas como um agente autônomo, que optou autonomamente pelo seu vício particular –e, em muitos casos, pela sua destruição particular.


Não conheço o livro. Mas, se a síntese é essa, a sociedade tem o dever, além do direito, de combater os viciados, especialmente aqueles que podem, dada a força do exemplo, convencer outras pessoas de que se produz civilização com autodestruição. O drogado faz a sua escolha, e a sociedade também; ele enfia o pé na jaca, e a ordem legal se encarrega, então, de isolá-lo. Ocorre que as coisas estão caminhando em outro trilho. Já chego lá.

 
As drogas não se “apanham”, como se apanha uma gripe; não se “pegam”, como se pega um doença venérea; e não são o resultado de uma mutação maligna das células, como uma doença oncológica. As drogas não “acontecem”; escolhem-se. O drogado pode ficar doente; mas ele não é um doente - é um agente moral.


Ah, bem. E os que censuram os drogados também são agentes morais, e, portanto, a moral está de volta à conversa. Eu concordo com Coutinho nesse particular. Por isso mesmo, acho essencialmente imoral que a sociedade tenha de arcar com os custos da chamada “reabilitação dos drogados”, como se tornou moda defender hoje em dia. Notem que, respondendo ao autor, estou aqui a debater política pública de combate às drogas, seguindo o salto “lógico, ou ilógico”, do articulista.

 
Acho a descriminação do consumo de drogas uma tese estúpida também porque ela vem sempre associada às políticas públicas de reabilitação, que custam uma fortuna. Por que os cidadãos não-drogados, os aborrecidos “produtivistas”, que enchem os cofres do estado com parte do seu trabalho, têm de financiar as conseqüências da escolha moral dos viciados? Que escolham! Mas que se reserve à sociedade da ordem a prerrogativa de afastá-los do convício social. Coutinho tem razão: o viciado não é uma vítima; é alguém que escolheu um caminho.

 
Mais: como explica Dalrymple, que durante décadas foi psiquiatra do sistema prisional britânico, o uso de drogas implica um voluntarismo e uma disciplina que são a própria definição de autonomia pessoal. E, muitas vezes, o uso de drogas é o pretexto para que vidas sem rumo possam encontrar um. Por mais autodestrutivo que ele seja. Moralizar o cadáver de Amy Winehouse? Não contem comigo, abutres.


É, nesse ponto, Coutinho volta à sua agenda, dando um salto perigoso: vidas sem rumo encontrariam nas drogas uma direção… A possibilidade aberta não difere em nada da velha mística que cerca as drogas, que abririam caminhos novos da percepção etc e tal. Eu estou entre aqueles que acreditam que Amy viveu e morreu como quis, sim. Mas isso não me basta porque tal constatação vale para algumas centenas de viciados anônimos que morreram hoje mundo afora. Como personalidade pública, ela representava um conjunto de valores, um estilo de vida, uma escolha moral e uma escolha ética. Nesse particular, ela é a expressão clara e insofismável de um desastre. Não só isso. Amy também significa a renovação de um mito estúpido, segundo o qual o talento — e há quem diga que ela era o “ó” do borogodó; não pra mim — nasce de uma espécie de maldição. E não custa notar: Coutinho moralizou o cadáver de Amy Winehouse. A diferença é que ele acha a sua moralização, digamos, moralmente superior à daqueles de quem discorda.

 
PS: Torço para que Adele continue a exagerar só nas batatas…



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Tenho a impressão de que enquanto um escreve sobre a Amy judia inglesa, o outro discorre sobre a Amy negra norte-americana. No meu entender, é nesse vir-a-ser que encontraríamos a melhor saída. Não escrevo agora sobre o assunto, estou com a cabeça em outras questões. Neste caso, entre Coutinho e Azevedo, fico com Amy.
 
 
 
O Vampiro de Curitiba
 

31 comentários:

"A grande arte extrai o incomum da vida comum. O artista marginal é uma invenção cretina do século 19." (Reinaldo Azevedo)

Só aqui já dá um excelente debate!

 

"...se não há dano para terceiros, o indivíduo deve ser soberano nas suas ações e na consequência das suas ações." (João P. Coutinho)

Como "liberal-liberal", aqui estou com Coutinho.

 

"Amy não era, como se lê agora, uma pobre alma afogada em drogas e bebida. Era alguém que criava as suas próprias regras, mostrando o dedo, ou coisa pior, para as decadentes instituições burguesas que a tentavam "civilizar"." (João P. Coutinho)

Não entendi as "decadentes instituições burguesas" como ironia. Pelo contrário, achei este o ponto forte do texto do Coutinho.

 

Um extrema-direita ateu ( que votou no Serra, aquele que segurou a santa e disse "Estejam na paz do Senhor", lá naquele centro evangélico ) e que gosta de Stones ?!?!
Realmente, o mundo está louco !!!

 

Ah, meu caro vampiro ateu que vota no Serra, eu acho que vc não vai aprovar meu comentário... Quem frequenta blogs que censura comentários não vai aprovar esse... Mas fica minha participação...

 

Fernando Lins, esqueça em quem eu voto, os blogs que frequento, meus gostos musicais e traga seus argumentos para o debate. Liberte-se!

 

Fernando me lembrou o saudoso Marronzinho:
Marronzinho vai falar! Aguardem! Não deixam o Marronzinho falar!!! Abaixo a censura!!!
Até que o Marronzinho foi no programa do Jô, que disse: Fale, Marronzinho! O microfone é seu!
E??????? Nada!!!!

 

Mas algum conservador apoiou aquela autodestruição?
Eu confesso que também achava que a pessoa tinha o sagrado direito de se autodestruir. Até ser mãe, professora, até ver amigos e seus filhos morrendo...

 

Abutre é quem achava que ela deveria se matar para apontar o dedo para o que não gosta.
Ela tinha 27 anos. Era brilhante. E está morta.

 

Sandra, depende do conceito de "vida" de cada um. Eu às vezes vejo tantos jovens tão saudáveis, tão limpinhos, devem ser o orgulho dos pais. Será que estão vivendo realmente? Ou são personagens de uma Ghost Sonata, onde vivos não se diferenciam em nada dos mortos?
A vida sem riscos teria alguma graça?
Impossível lembrar da Ghost Sonata e não lembrar de Nietzsche: "A oração "não nos deixes cair em tentação" quer dizer: não nos deixe ver quem realmente somos."

 

O Lula é o Marronzinho que deu certo (rs)...

 
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Fernando Lins, atacar o Reinaldo não é argumento.

 

Vamp, os jovens limpinhos e certinhos incomodam-me BEEEEEEM menos do que um bebum ou um cara chapado com fala mole e cheio de intimidades.
Além disso, para que o jovem possa ser jovem e se arriscar, é preciso que alguém seja o careta para evitar que o risco vire autodestruição.

 

Vamp, Amy, nietzschianamente, foi espectadora de sua própria tragédia, tal como mostra a letra Rehab.

Acho que a própria cultura rock estimulou-a a imolar-se aos 27 anos e tornar-se mito.

Devemos passar ao estado o controle das drogas? Creio que sim, para que se possa beber venenos estatais.

 

os "GENIOS" fazem arte pra serem aceitos e nao para serem adorados...aliás eu acho que ela nem era tao genial assim, meu conceito de genio e até mesmo de malandro nao condiz com pessoas que nao suportam a capacidade que tem...

 

Ué? O estado não tem o controle das drogas ILÍCITAS?

 

http://www.youtube.com/watch?v=G43DnaU9qPM&feature=related

Esse video mostra tudo em Amy havia se transformado no final, coitadinha que teve que se mostrar dessa forma num palco para estranhos. O show business ficou desumano e passou a explorar tragedias...

 

Do Guilherme Fiuza, link lado:

A vingança de Amy
00:35, 27/07/2011 gmfiuzaGeral Tags: Amy, drogas, Imprensa, Politicamente correto
Amy Winehouse, a doce menina má, riu por último.

Ela veio ao mundo, entre outras coisas, para bagunçar a fronteira entre o bem e o mal. Seus conflitos internos insolúveis explodiam numa voz sublime, das mais belas que o mundo já ouviu.

Amy ficou muito mais conhecida como problemática e arruaceira do que como artista. Um brinde (de vodka) à miopia do senso comum.

Não era uma mulher partida entre o vício e a virtude. A viciada era a virtuosa – e vice-versa. Quanto mais se destruía, mais compunha canções maravilhosamente desconcertantes.

Ela sabia que ia se trair de novo. Avisou isso a quem a amava, na música “You know I’m no good”. Poesia cheia de espinhos.

Frequentemente, Amy era descrita como uma mulher desajeitada, que não sabia o que fazer com o próprio corpo em cima de um palco. Outro brinde à miopia. Poucas cantoras tiveram tanto estilo em cena.

Mas o charme de Amy só era visível aos olhos nus – aqueles não adestrados para enxergar na cantora uma caricatura humana. Aos demais, restava esperar pelo clímax de um gole a mais e um tombo no palco. Mórbido clímax.

Sua sentença de morte começou a ser escrita no primeiro minuto de fama. Seus nervos absolutamente expostos – para o bem e para o mal, para a arte e para o desastre – tornavam-na um ser, acima de tudo, vulnerável.

Quanto mais era vendida como espetáculo de degradação, mais se degradava. Poderia ter sido entendida (e preservada) como uma genial cronista das contradições humanas. Mas foi transformada em atração zoológica.

Amy Winehouse tinha Deus e o diabo dentro de si. A prova está em cada instante da intérprete potente, possessa, possuída. Em cada melodia magistral com que enchia de doçura um verso amargo. O senso comum não gosta de ver Deus e o diabo em comunhão.

Eleita para o lugar da estranha (aquela que serve para os outros se sentirem normais), Amy foi ficando a sós com seus conflitos – que eram letais, como ela própria inscreveu em sua obra. Dissolveu-se ao vivo.

Agora o público do circo está a sós com sua curiosidade mórbida. Deus deu a Amy a libertação. O diabo lhe deu a vingança.

 

Sandra, a sua pergunta sobre o estado ter controle sobre drogas ilicitas eh uma piada, correto?
So pode ser, pois NENHUM estado tem controle total, sempre vao aparecer pessoas dispostas a oferecer drogas, mesmo em paises onde existe pena de morte por porte e trafico, tais como Singapore, Malaysia, Philippines existem pessoas que se arriscam, pois EXISTE UMA DEMANDA. Enquanto nao se discutir as razoes da demanda,
que nao eh uma coisa racional e previsivel...

 

Paulo, controle total não é possível. Caso contrário, não existiriam assassinatos, roubos... Mas ninguém conclui que, já que não há 100% de sucesso, deveria se abolir a polícia.

 

Não sei se Coutinho tem filhos, mas aposto que o discurso de constestação, de afrontar o sistema,... não valeria para eles.

 

Em primeiro lugar, gostaria de dizer que sou fã de Amy, tenho 16 anos e acho essa discussão rídicula! Ela era uma pessoa, uma pessoa maravilhosa por sinal. Que ajudou muita gente, que era muito mais humilde e caridosa do que muitas celebridades por aí. Mas, drogada! É realmente um pena que se minimize uma pessoa como ela dessa forma! Eu respeito todos que, como Reinaldo Azevedo, não gostam da sua música. Mas como fã, me revolta ver o modo como "a elite intelectual do país" coloca uma pessoa no meio de uma discussão política.

Particularmente, sou a favor da liberação das drogas. Liberdade pra mim é o direito mais básico que uma pessoa deve ter. Além disso, eu, e todos os outros jovens que conheço, sabemos onde conseguir qualquer tipo de droga a qualquer momento, mesmo sendo todas ilícitas. Que tal acabar primeiro com a hipocrisia?

Não estou defendendo nenhum dos dois posicionamentos. Acredito que ambos reduzem Amy a muito menos do que ela era! Talvez se todos fossem "cadáveres apressados" com os mesmos valores que ela tinha, o mundo seria um lugar melhor! Amy era uma artista e taanto! E se fosse o seu filho envolvido com drogas? Você gostaria de ver todos o classificando da maneira que estão fazendo com ela? O problema é que ninguém vê no artista um ser humano que pode errar como qualquer um!

PS: Eu e minhas amigas choramos horas pela morte da Amy. Todas somos de classe média alta, não ingerimos qualquer tipo de droga, somos muito estudiosas e (o mais importante) não gostamos de julgar aparências.

 

Eu não costumo colocar minha opinião quando "adultos" estão numa discussão tão sem rumos como esta. Mas eu sou fã da Amy e chorei horrores quando ela morreu. Me dói muito ver que o mundo é mediocre a ponto de colocar uma pessoa como aquela apenas como uma drogada. Ela era muito mais que um "cadáver apressado"! Talvez se pudessem ver além dos rótulos, pensariam como eu.

Tenho 16 anos, sei onde conseguir todas as drogas (lícitas ou não), nunca fiz uso de nenhuma delas e, o mais importante, sei até onde vai o meu espaço e até onde eu posso ir sem ofender ninguém.

PS: Eu realmente me senti ofendida com os textos e os comentários acima. Impressionante como é tratada a morte de um ser humano. Que, gostando ou não, era um ser humanos assim como todos nós.

 

Leticia, obrigado por sua sinceridade!
Seja sempre bem vinda, seus comentários são muito importantes.
Beijo!

 

Leticia, pessoal, vamos levar o debate pro post acima, mais recente. Fica mais fácil para mim.

 

Se Amy fosse minha filha eu gostaria:
-que ela não entrasse nesse inferno;
-que conseguisse sair desse inferno;
-que não morresse antes de mim.

 

16 anos? Tive um amigo com essa idade, tentando sair do crack. Viciado desde os 13.
Uma menina morreu aos 15. Cocaína+AIDS.
Outro rapaz foi preso. Sabe o que é ser viciado na cadeia? Eu também não. A família dele sabe. Pelo menos, depois que saiu, esse é o único que está conseguindo largar o vício.
Quer um conselho, Letícia? Claro que não. Faz parte de ter 16 anos não querer ouvir adultos chatos. Mas faz parte de ser mãe e professora falar assim mesmo (como eu disse, para que vocês possam ser jovens, alguém tem de ser chato): continue longe desse lixo.
Também admirava Amy e gostaria que continuasse viva.
Gostaria que Hendrix continuasse maravilhando o mundo com sua música.

 

Leticia gostaria de ver o seu RG(bricadeirinha)
DEIXAR CLARO A DIFERENÇA entre uma PESSOA DE 16 anos PRA um "ADULTO" foi uma gafe.

 

...tudo que foi escrito por estes dois boçais aí em cima não passa de pun...ta de intelectualóides, Desafio-os a esperimentarem algumas pedras de crack e depois venham nos dizer se a pessoa se droga, ou permanece na droga, por livre e espontanea escolha. Esta moça, e porque não dizer, esta pobre moça, como tantos outros, foi simplesmente, vítima de uma química que destrói a liberdade de escolha. Ela se afundava cada vez mais nestas drogas, por se sentir incapaz de as deixar, esta é a verdade. O resto é conversa fiada de desocupados. O argumento de que o estado não deve dar tratamento aos dependentes, com os impostos pagos por eles, é outro absurdo moral, pois todo viciado, é um agente gerador de impostos, os impostos recolhidos nas compras dos carrões, daqueles que lucram com os drogados lhes garantem o tratamento.
OH ! Vamp...tú tá precisando selecionar melhor os caras pra reproduzir em teus posts !!!

 

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